Prevalência
O DSM-5 aponta que, apesar de ser mais comum encontrarmos mulheres em amostras clínicas, não há diferenças significativas na prevalência do Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) entre homens e mulheres.
Possíveis Explicações
Viés Clínico
Estereótipos sociais sobre gênero e expressão emocional fortalecem o viés clínico ao diagnosticar. (Zanarini et al., 2016)
Invalidação
Ambientes que invalidam a experiência emocional e não fornecem ferramentas emocionais saudáveis podem resultar em estratégias danosas de regulação emocional. (Chapman, A. L., 2016)
Traumas
Eventos traumáticos como abuso sexual na infância são relevantes para o desenvolvimento do transtorno. Estudos apontam maior prevalência de abuso em meninas. (Smith et al., 2018)
Cultura
Homens podem manifestar um perfil diferente de sintomas e receber outros diagnósticos. (Schwarz & Troy, 2022)
Baixa Procura por Tratamento
Homens procuram menos por ajuda médica e psicológica comparados às mulheres. (DSM-5, 2014)
Modelo Biossocial
De acordo com o modelo biossocial de Linehan, o TPB se desenvolve a partir dos seguintes fatores:
- Sensibilidade emocional aumentada desde o início da vida;
- Ambientes que desvalorizam e invalidam as emoções.
Essa complexa combinação pode resultar em condições precárias para desenvolver respostas adequadas de regulação emocional. (Linehan, M., 2017)
Masculinidades
A cultura desempenha um papel significativo na forma como os sintomas são mascarados em homens. Eles tendem a exibir sintomas mais externalizados, como explosões de raiva. Culturalmente, essas expressões emocionais podem ser mais aceitas quando manifestadas por homens. Além disso, a maneira como os homens lidam com a desregulação emocional pode ser interpretada como sintomas de outros transtornos, como o narcisismo, o transtorno de personalidade antissocial ou dificuldades no controle da raiva. Isso pode afetar negativamente o sucesso do tratamento. (Schwarz & Troy, 2022)
Mulheres
As mulheres, por outro lado, podem apresentar sintomas mais internalizados, como autolesão. Historicamente, essas manifestações quando realizadas por mulheres foram associadas a estereótipos relacionados à histeria, descontrole ou loucura (North CS, 2015), o que pode influenciar o viés no diagnóstico.
Tratamento
Um diagnóstico preciso é essencial para fornecer um tratamento fundamentado em evidências científicas. Estudos têm demonstrado que a melhor abordagem para o Transtorno de Personalidade Borderline é a Terapia Comportamental Dialética (DBT, em inglês). (Setkowski K, et al., 2023; Stiglmayr, C., 2014)
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📚 Referências para o post:
- Brooke Schwartz, LCSW & Benjamin Troy, MD. (2022). Borderline Personality Disorder (BPD) in Men: Signs, Symptoms, & Treatments; Choosing Therapy. https://www.choosingtherapy.com/bpd-in-men/. Acessado em 14 de maio de 2024 às 20:41.
- Chapman, A. L. (2006). Dialectical behavior therapy: Current indications and unique elements. Psychiatry (Edgmont), 3(9), 62.
- Linehan, M. M. (2017). Treinamento de habilidades em DBT: manual de terapia comportamental dialética para o terapeuta. Artmed Editora.
- North CS. The Classification of Hysteria and Related Disorders: Historical and Phenomenological Considerations. Behav Sci (Basel). 2015 Nov 6;5(4):496-517. doi: 10.3390/bs5040496. PMID: 26561836; PMCID: PMC4695775.
- Setkowski K, Palantza C, van Ballegooijen W, et al. Which psychotherapy is most effective and acceptable in the treatment of adults with a (sub)clinical borderline personality disorder? A systematic review and network meta-analysis. Psychological Medicine. 2023;53(8):3261-3280. doi:10.1017/S0033291723000685
- Smith et al. (2017). “Exploring the Role of Biological Factors in Borderline Personality Disorder” in The Journal of Neuroscience.
- Stiglmayr, C., Stecher-Mohr, J., Wagner, T. et al. Effectiveness of dialectic behavioral therapy in routine outpatient care: the Berlin Borderline Study. bord personal disord emot dysregul 1, 20 (2014). https://doi.org/10.1186/2051-6673-1-20
- Zanarini, M.C., Frankenburg, F.R., Reich, D.B., Marino, M.F., Lewis, R.E., Williams, A.A.,… & Yen, S. (2011). Gender patterns in borderline personality disorder. Journal of Personality Disorders, 25(4), 434-438.